INDÍGENAS
MISSÃO RENASCER
RONDÔNIA – BRASIL
Alcançando os não alcançados
MISSÃO INTERCULTURAL INDÍGENA
A missão Renascer atua nas questões indígenas junto ao povo Suruí- Região central de Rondônia.
A igreja Suruí é completamente indígena. Nossa atuação consiste em apoio, auxílio na preparação de obreiros, logística e leitura etnológica. Toda nossa atuação junto ao povo Suruí é em parceria com o Conplei e suas lideranças.
A Missão mantém em aberto a perspectiva de adentrar outros povos, inclusive, mantendo o povo Suruí como parceiros nessa questão.
Paiter Suruí
Suruí – O povo se autodenomina PAITER (gente de verdade). Paiter Suruí é o nome como é conhecida essa etnia que vive na reserva 07 de setembro, em 25 aldeias com aproximadamente 1.500 pessoas na região central de Rondônia, próximo a Cacoal. Distribuídos em 04 clãs.
A expressão “Paiter Suruí” está relacionada ao enraizado conceito etnocentrista do povo Suruí. Eles são gente de verdade, os demais povos seriam qualquer coisa, menos gente. Esse conceito, antes da chegada do evangelho, sancionava a prática de violência contra outros povos, afinal, não podia ser considerado errado matar uma pessoa branca ou de qualquer outra etnia, pois não se tratava de matar gente.
Entender que pessoas de outras etnias, e pessoas da própria convivência que cometeram algum erro ou que nasceram com alguma deficiência física, se tratavam de gente com o mesmo valor, foi pura influência do evangelho.
TOTEMISMO
A distribuição dos clãs ocorreu pelo veado galheiro. Os homens haviam desaparecido da face da terra, todos comidos pela onça. Assim, Palob, resolveu criar os homens. Chamou o veado mateiro e lhe pediu fosse à maloca das onças e roubasse delas os ossos dos homens que elas guardavam. O veadinho aceitou, mas Palob lhe deu um desafio antes. Era necessário que fosse aprovado. Então, Palob o fez correr numa ladeira e lançou às suas costas uma pedra. O veadinho foi reprovado, pois a pedra logo o alcançou. Assim, Palob chamou outro animal, o veado galheiro, que também aceitou o desafio de roubar da maloca das onças os ossos dos homens. Palob o fez correr na ladeira e lançou a pedra. O veado galheiro foi mais veloz e conseguiu correr na frente da pedra. Então Palob o untou de várias raízes amargas e enviou à maloca das onças. Assim, foi que ele chegou lá e as onças o ameaçaram. O veado temeu, mas permaneceu firme no seu propósito e, quando as onças se lançaram sobre ele para comê-lo, não gostaram do sabor. Então o prenderam na rede dentro da maloca. Lá, ele esperou pelo zumbido da abelha, pois Palob o havia prevenido de que o zumbido dela era o sinal de que o fio que prendia os ossos no fundo da maloca havia sido quebrado, aí era o momento de ele pegar os ossos e fugir. Foi assim que ele fez. Ouviu a abelha, pegou os ossos e fugiu, levando-os a Palob. Palob pegou os ossos e soprou sobre eles (ou baforou tabaco),formando assim os homens. Um osso para cada clã. Depois formou, com outros ossos, outros índios e, também, os irarei (homem branco).
ORGANIZAÇÃO FAMILIAR
A relação e organização familiar é patrilinear. Quando ocorre o casamento, os filhos são pertencentes ao clã do marido.
Clãs formadores do povo Suruí:
Gameb
Seu par é o marimbondo preto.
É o clã superior.
Na relação de parentesco casa-se com os do clã Kaban.
Gabgir
Seu par é o marimbondo amarelo.
Na relação de parentesco casa-se com os do clã Kaban.
Makor
Seu par é o bambu.
É o clã inferior.
Na relação de parentesco casa-se com os do clã Kaban.
Kabã
Seu par é uma pequena fruta azeda da mata.
Na relação de parentesco casa-se com os demais clãs.












CONSIDERAÇÕES
A distribuição dos clãs ocorreu quando o veado levou os vários tipos de ossos a Palob. Palob escolheu um osso para, a partir dele, formar o clã. Um osso para cada clã.
A escolha determinou o tipo de sociedade, pois cada clã foi formado e conduzido de acordo com as características escolhidas e determinadas por Palob.
Cada osso e, por conseguinte, cada clã, recebeu um par com o qual se identifica: Gameb (marimbondo preto), Gabgir (marimbondo amarelo), Makor (bambu) e Kaban (frutinha azeda).
Quando ocorreu a escolha dos ossos , deus (Palob) soprou sobre esses ossos o espírito de vida. No caso específico, por exemplo, do clã Gameb, o mesmo espírito que vive no homem, vive também no marimbondo preto, ou pelo menos uma quantidade maior desse espírito. O mesmo ocorre com os outros clãs e seus pares, pois que é a presença desse espírito que os faz iguais.
SOBRE OS CLÃS
A relação de cada clã com seu par na natureza, implica numa poderosa leitura cultural sobre o comportamento do povo.
1. O clã Kabã é o de pessoas com potencial de liderança. Parece que a maioria dos pajés veio desse clã. As pessoas desse clã querem sempre permanecer jovens e, quase sempre, ocultam a verdadeira idade. Também são hospitaleiros e gostam que seus hóspedes comam muito. São conhecidos por isso.
2. O clã Gabgir é considerado de pessoas difíceis de se relacionar. São os mais bravos e rusguentos entre o povo.
3. Os do clã Makor, cujo par na natureza é o bambu, são considerados barulhentos, faladores, pessoas que gritam. Ouvir alguém gritando na mata ou aldeia, já se diz que é um Makor.
4. Gameb, que tem o marimbondo preto como par, é gente guerreira e justa.
Os demais animais e elementos da natureza não receberam a mesma porção do espírito que está presente nas pessoas do clã e nos seus pares.
Importante: quais os desdobramentos disso na vida do povo, na organização social, no sistema de parentesco, na percepção do evangelho?
Prosseguindo nas considerações:
O povo mais inferior da face da terra, que, mesmo tendo sido incluso na distribuição dos ossos e que, talvez, esteja no mesmo nível dos demais animais e elementos da natureza, é o homem branco. Os Irarei (homem branco) não foram inclusos na distribuição dos clãs.
O sistema de parentesco determina que o clã Kaban é o único que pode se casar com todos os outros. Os demais, não podem se casar entre si, somente com os procedentes do clã Kaban.
Não há nenhuma tentativa ou preocupação, em se identificar a origem do veado, de outros homens ou mesmo de Palob.
O EVANGELHO
Outro fator importante é a ausência dos antigos rituais. O evangelho chegou em 1992 ao povo Suruí. A geração adulta atual é fortemente influenciada pelo evangelho e isso eliminou muitos rituais e pajelança. Não existe nenhum pajé na ativa entre as 25 aldeias Suruí, pelo menos é o que diz o povo. Porém, é evidente a presença de uma cosmovisão não criacionista entre o povo: crença em lendas, como o pai do mato, a cura pela fumaça de determinada erva (que é magia) e outros.
O POVO, A CULTURA E O EVANGELHO
O Suruí é povo ressabiado. Fala pouco do passado. Prefere rir e falar do presente. Isso pode significar que não querem pensar na velha vida ou que não querem “denunciar” velhos conceitos para os quais ainda não estão (muitos) ainda libertos. Talvez, as duas coisas.
É preciso pensar no que era o povo Suruí antes da chegada do evangelho: povo violento, guerreiro, que vivia sob o medo dos espíritos e dos ataques inimigos. Os Zoró eram seus inimigos mortais. Parece que nunca cometeram o “infanticídio”, prática comum a outros povos da Amazônia, mas eram violentos na relação com os Zoró e outros inimigos. Eram especialistas em armadilhas e flechas envenenadas. Os Suruí eram gente dominada pela violência, pelo medo e pela pajelança.
Hoje, Paiter Suruí é povo de verdade!... Os Suruí têm sido um instrumento de Deus para levar o evangelho ao povo Zoró, seus antigos e mortais inimigos. Também a outros povos não menos perigosos no seu tenebroso passado: Gavião, Arara e Cinta Larga.
ESTUDOS
Muito há que se estudar do povo Suruí e sua cultura. Muitos aspectos têm sido observados, mas todos merecem mais investigação. Estudar a cultura, conhecer em campo os complexos elementos de identidade do povo, é o propósito da Missão, para assim, melhor servir ao povo e ao Reino de Deus.
NARRATIVA LOCAL
Sobre ser pajé
Conforme narrativa de um índio local
Não se escolhe ser pajé. A pessoa é escolhida. É assim mesmo. Acontece logo após se ter sobrevivido a uma tragédia: acidente, mordida de cobra, ataque de onça ou outra coisa que leve o homem à morte. Depois disso, de ele haver sobrevivido (ou renascido), é que é escolhido para o caminho da pajelança. Assim, fica semanas em preparação em uma casa, assistido por alguém especial. Toda sua comida, roupas e as atividades diárias são preparadas por essa pessoa. Ninguém o toca ou fala com ele.
Ao final do período de preparação o futuro pajé recebe dos espíritos (ou forças – difícil separar uma coisa da outra), alguns elementos que o acompanharão para o resto de sua caminhada. Esses elementos são os caminhos que o conduzirão na pajelança. Tais elementos o ligam aos espíritos e serão suas ferramentas de manipulação para controle do mundo espiritual, mais especificamente ao espírito principal que o guia. Os elementos são: pedras, gravetos, cachimbo (ou o tabaco) e canções secretas. O cântico é o que o levará ao contato com o espírito principal. Então, ele é apresentado ao povo e começa seu caminho.

SONHO E ESPERANÇA NA SELVA!
Indígenas Vale do Guaporé - Bolívia -
Um grande e belo desafio se apresenta diante de nós: o povo Guarassugwê (interior da amazônia boliviana). Os primeiros levantamentos já foram feitos e os estudos prosseguem. Sabemos quem é o povo, onde está e os princípios elementares de sua história e cultura. Uma expedição foi organizada para adentrar o interior e encontrar o povo.
PROJETO IGREJA GUARASUGWÊ
Uma Igreja de Deus indígena
BELLA VISTA E PICA FLOR - BOLÍVIA

SOBRE A QUANTIDADE DO POVO
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O povo é numeroso. Cerca de 400 pessoas vivem em Costa Marques.
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Em Bella Vista existem 08 famílias vivendo do plantio, caça, coleta e pesca.
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O número deles em Remanso e Piso firme parece estar de acordo com o levantamento feito em Remanso.
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Em Pica-flor há 08 famílias formando uma pequena vila composta apenas de Guarasugwê.
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Algumas famílias vivem em Pimenteiras do Oeste.
SOBRE CULTURA E IDENTIFICAÇÃO
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O povo tem um traço cultural bem definido. Isso é perceptível nos adornos como pinturas, cocares e cores. Isso remete ao passado.
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A história do povo é rica, mas ainda um mistério. Há elementos importantes ocultos a serem investigados.
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Há uma linha de espiritualidade que está oculta dos jovens, mas que exerce influência. É preciso investigar essa herança religiosa.
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Há uma clara luta do povo sobre a recuperação da cultura, resgate da língua e reconhecimento público da etnia.
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Há outra luta muito séria sendo travada: a busca do reconhecimento do território Guarasugwe e consequente demarcação dessa terra. Esse fator é complexo e melindroso, pois que as terras reconhecidas e pleiteadas como sendo o território do povo no Brasil, são hoje ocupadas por fazendas produtoras.
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A história é cruel. No começo da década de 1970, o povo foi escorraçado pelos seringueiros e fazendeiros. Há queixas de que a Igreja Católica participou do “amansamento” dos Guarasugwe forçando-os a servirem aos interesses dos fazendeiros.
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O território pretendido pelo povo é o mesmo de onde foram rechaçados há cerca de 50 anos. Portanto, trata-se de uma etnia brasileira.
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A perda da língua materna ocorreu pela pressão dos brancos (brasileiros e bolivianos) que não admitiam que falassem a língua materna em convivência com eles. Há relatos de castigos corporais sobre o povo para que parassem de usar o idioma.
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A maioria do povo fala o português e o espanhol, sendo que alguns falam também o idioma derivado do tupi.

SOBRE ABORDAGEM E EVANGELIZAÇÃO
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Sobre a evangelização, o povo está aberto. É nossa intenção focar o contingente do povo presente nas terras bolivianas: Bella Vista, Remanso, Piso Firme e Pica-Flor.
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Há muito que levantar sobre a história do povo:
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Herança religiosa. É preciso perceber a cosmovisão original do povo.
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Questões de cultura, artes, danças e adornos.
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Conflitos com o branco: fazendeiros, seringueiros, padres, missionários, etc.
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Conflitos internos e com outras etnias indígenas.
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Levantar narrativas sobre esses conflitos. Há elementos que apontam para grandes tragédias.
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Não temos informações de outra agência missionária ou igreja fazendo algum tipo de trabalho evangelizador entre o povo no território boliviano.
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A inclusão do povo no Brasil se dará de acordo com o desenvolvimento e relacionamento com a liderança em Pimenteiras do Oeste.
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Sempre nos voltaremos ao casal José Frey e Ernestina, por serem os mais velhos, o tronco de resistência do povo Guarasugwe. A filha do casal, Nice, também será contato importante por sua liderança nos assuntos de interesse do povo no Brasil.
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A intenção do povo é se reunir novamente, todos juntos, na futura reserva pleiteada junto ao governo federal no Brasil.
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O grupo que vive na Bolívia fugiu para lá por uma questão de sobrevivência. Lá, desfrutam de terra, caça, pesca.
ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA E CULTURAL
Fazer levantamento etnográfico:
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Cultura
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Cosmovisão
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Situação religiosa e de uso da língua materna
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Levantamento histórico geral
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Levantamento histórico específico de Pica-flor
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Dentro desta perspectiva de longo prazo entra a questão de Bella vista. A vila deverá ser inclusa nos programas da Missão. Isso inclui as famílias não indígenas que lá vivem, ainda que os Guarasugwe sejam o alvo principal.
O projeto inclui toda a faixa Guarasugwe do Guaporé e baixo Paraguá: Pimenteiras do Oeste, Bella Vista, Piso Firme, Remanso, Porvenir e, principalmente, Pica-Flor.



SOBRE A ESSENCIA DO PROJETO
É preciso considerar a palavra “obediência”. Ela vem de longe e envolve a vida toda. A obediência a cada detalhe no passado é o que nos conduz no presente, e a coisa será assim também no futuro. O que estamos hoje fazendo, e como estamos fazendo, é resultado do que obedecemos ontem.
Então, obediência, é o resultado de se ouvir e seguir a orientação vinda do Reino. O que somos hoje e o que fazemos é resultado de quantas oportunidades obedecemos ou não. No ministério, o Reino de Deus se faz das oportunidades obedecidas.
Pensando os Guarasugwe, é preciso entender a grande oportunidade que Deus nos concede. Isso é resultado de obediências passadas. Analisemos o seguinte:
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Estamos entrando na história do povo. Entrar na história significa participar do resgate da cultura e da língua. Significa também que nossa missão com o povo é gêmea: kerigma e história (proclamação do evangelho e apoio ao resgate da cultura e reconhecimento do povo junto aos governos).
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A Missão Renascer sofrerá (já começou) profundo corte de mudança no processo de trabalho no Rio Guaporé.
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Nosso trabalho em Remanso é fruto da obediência. O povo Guarasugwe é fruto da aprovação do trabalho de Remanso.
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Remanso se torna a base de operações adentrando outros lugares, sejam eles ribeirinhos ou não, tendo os Guarasugwe como principal referencial.
Relembrando algumas questões do povo e que norteiam o projeto de implantação da igreja:
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Trata-se de um pequeno povo.
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O povo está sofrendo a perda da cultura e da língua, consequentemente da própria identidade.
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O povo está disperso, como ovelhas que não tem pastor.
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O povo está pronto e nos foi entregue por causa do zelo ministerial, da abordagem responsável e êmica do evangelho, pelas obediências passadas e pelo conhecimento agregado como ferramenta ministerial nos últimos anos.
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Estamos entrando no povo para comunicar um evangelho puro. O evangelho ajudará no resgate à cultura e língua. Essa também é nossa missão.
LEVANTAMENTOS DE CAMPO – PICA FLOR - BOLÍVIA
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A luta pela sobrevivência. O povo vive por essa premissa básica.
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O analfabetismo. Quase todos os adultos não sabem ler e escrever.
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A perda da cultura e língua original é um fato. Os adultos falam precariamente, mas as crianças nada conhecem.
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Nitidamente o povo busca reencontrar a cultura e língua.
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O povo está disperso. Pica-flor é um pequeno aglomerado de famílias.
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Os Guarasugwe parecem ter, por direito, a participação na terra dada pelo governo aos indígenas bolivianos. A terra do baixo Paraguá foi direcionada aos Guarasugwe e Chiquitanos. Isso é fato, mas os Chiquitanos têm, ao longo dos anos, expulsado os Guarasugwe, não permitindo que cultivem a terra.
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Pica-Flor se formou pelas famílias Guarasugwe vindos de Porvenir por causa da pressão dos Chiquitanos. Todos os moradores de Pica-Flor são parentes.
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Os Guarasugwe se tornaram um problema para os demais, pois que reivindicavam a terra, por isso foram expulsos e esparramaram.
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O povo se encontra hoje disperso pelo baixo Paraguá (Piso firme, Porvenir, Pica-flor, etc.) e no Guaporé (Bella Vista e Remanso), sem mencionar o Brasil (Pimenteiras do Oeste e Costa Marques).
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O povo é pobre, vive na luta pela pura sobrevivência.
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O povo é carente do ensino e acompanhamento bíblico pastoral, parece estar aberto para isso.
DIRECIONAMENTOS PLANTAÇÃO IGREJA GUARASUGWE
CONSIDERAÇÕES GERAIS
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Verificar as questões jurídicas de nossa presença em território boliviano e as questões especificas de um povo indígena.
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Verificar as questões de mobilidade de Remanso para Pica-flor. Certamente isso implicará na compra de um veículo adequado.
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA CULTURA
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Prosseguir nos levantamentos concernentes à história, cultura e língua do povo.
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Fomentar o uso do idioma materno entre as famílias a fim de que o mesmo não se perca.
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Fomentar o uso do idioma materno nos cânticos e práticas litúrgicas em nosso trabalho.
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Fortalecer o valor da etnia, o resgate da cultura, a identidade e a autoctonia do povo.
CONSIDERAÇÕESA A RESPEITO DA IGREJA GUARASUGWE
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Criação de uma igreja evangélica Guarasugwe com apoio e consultoria da Missão Renascer e vinculada à Igreja de Deus na Bolívia e IDB Cone Sul de RO.
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A igreja terá o apoio e consultoria da Missão, mas será autóctone, enfrentando todos os desdobramentos que a autoctonia lhe impõe: liderança, capacitação e autonomia.
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O papel da Missão Renascer e IDB será fomentar e auxiliar nessa autoctonia:
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Capacitação de liderança, devendo o comando ser passado aos irmãos locais o mais breve possível.
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O projeto de capacitação deve incluir o Guarasugwe na composição de todo processo de liderança local.
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Educação bíblica, mas não impor eticamente a crença teológica, devendo sim, fomentar a interpretação bíblica para os temas relevantes do povo.
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Fomentar a autonomia, não criar nela a dependência da “igreja branca”, seja nas finanças ou na área de governo.
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A liderança, e todas as consequências dela, devem, desde o princípio, incluir o Guarasugwe.
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Outros povos serão bem vindos, poderão agir como parceiros, trabalhar juntos, mas as decisões, deveres e comandos deverão ser da liderança e do povo Guarasugwe.
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A formação da Igreja Guarasugwe será um passo importante para o povo em dois aspectos: o primeiro é sua autoestima, sua própria capacidade de cuidar de sua religiosidade, administrar sua igreja e ir a outros povos em missões. O segundo aspecto é o que se refere à cultura. A igreja irá fortalecer e unir o povo, dando-lhe reconhecimento diante das autoridades. A igreja irá fomentar uma questão elementar do resgate cultural: a língua materna.
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A Missão Renascer deverá organizar e apresentar, em linhas gerais e com auxílio de experiências semelhantes no Brasil, uma declaração de fé e um regimento para a igreja, em acordo com a Igreja de Deus, mas mantendo a perspectiva da cultura indígena. A premissa básica e inegociável disso será ouvir o povo Guarasugwe.
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Questão importante é a percepção de campo quanto à preservação da pureza bíblica para a igreja Guarasugwe. Isso implica em duas questões fundamentais: a primeira é o sincretismo regional e cultural. A segunda é o ataque das “teologias brancas” sobre o comportamento e fé do povo, uma missão puramente colonialista e irrelevante. A pureza se dará pela instrução bíblica.
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A Igreja Guarasugwe deverá se tornar missionária, investindo vida e recursos para o alcance de outros povos, principalmente indígenas.
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É preciso que se pense a possibilidade de uma Igreja Guarasugwe não apenas na Bolívia, mas que inclua também o Brasil.